Revista Udziwi número 29

Caros leitores(as)

Apresentamos o número 29 de Revista Udziwi, Revista de Educação do Centro de Estudos de Políticas Educativas (CEPE) da Universidade Pedagógica (UP). Trata-se de um número especial, que encerra as comemorações do 10° aniversário do CEPE.

O CEPE foi criado em 2007 e durante o ano 2017 comemorou os seus 10 anos de existência, realizando uma série de actividades. No âmbito dessas festividades, o colectivo de investidagores do CEPE decidiu oferecer ao nosso estimado leitor esta edição especial comemorativa.

Esta edição apresenta um total de 14 artigos. O primeiro artigo, de Ana David Verdial, intitulado "A comunicação pedagógica no Ensino Superior", tem como base a pesquisa bibliográfica. O estudo chama a atenção para a necessidade de o docente e o estudante garantirem o cumprimento do conjunto de princípios e regras de conduta ou deveres da profissão (a ética e deontologia), de ensinar e de aprender, respectivamente, no âmbito do processo de ensino e aprendizagem (PEA). A autora considera que, promovendo-se a melhor forma de comunicação entre docente e estudantes, obter-se-á o objectivo principal do PEA que é a efectiva aprendizagem da essência das matérias pelos estudantes.

O segundo artigo, intitulado "Métodos de ensino e de aprendizagem: Um estudo realizado na Universidade Pedagógica, Delegação de Quelimane em 2017" da autoria de Horácio Luís Respeito e Geraldo Deixa, identifica e analisa a metodologia mais usada pelos professores em salas de aulas. Baseia-se num questionário semi-estruturado aplicado a 200 estudantes de Licenciatura em Ensino de Português, Matemática, Biologia, Física, Geografia, História, Francês, Inglês e Filosofia. Os resultados do estudo indicam que os professores usam mais a metodologia de aula dialogada, trabalhos em grupo e debates, sugerindo que os professores usem, igualmente, as práticas e experiências laboratoriais.

O terceiro artigo "A coexistência e/ou o lugar de intermédio dos 'saberes locais' na educação em Moçambique: rediscutindo as políticas curriculares do Ensino Básico", de Gregório Adélio Mangana, tem como objectivo analisar os modos de coexistência e/ou o lugar de intermédio dos saberes locais nas políticas curriculares em Moçambique. A metodologia baseia-se em pesquisa bibliográfica e documental. O autor considera que os saberes locais servem de auxílio para o processo de ensino-aprendizagem. Conclui que os saberes locais continuam instrumentalizados e marginalizados e não existe, desse modo, um lugar de intermediação entre os saberes locais e o conhecimento ocidental moderno.

O quarto artigo, de José Salinas Reginaldo, intitulado "A educação inclusiva: perfil, avanços e desafios no contexto da implementação das estratégias das práticas educativas em Moçambique" tem como objectivo apresentar o panorama geral sobre as políticas de inclusão no país (perfil, avanços e perspetivas) e compreender, com base na problematização, como é que as estratégias pedagógicas e metodológicas são utilizadas pelos profissionais. Como metodologia, foram analisados os instrumentos legais e normativos existentes no país, assim como as reflexões e as experiências dos diferentes autores, quer no contexto nacional quer internacional. Os resultados da pesquisa mostram a existência de barreiras que passam pela ausência de orientações/directrizes legais, assim como a exiguidade de professores e colaboradores devidamente capacitados para atender a demanda da inclusão.

O quinto artigo "Análise de níveis cognitivos em provas provinciais de Química da 10.ª classe (2014 - 2017)" de Bernardo Manuel Ambrósio, o autor aborda em torno da avaliação dos níveis de aprendizagem nas provas provinciais da disciplina de Química da 10ª classe, segundo a Taxonomia de Bloom. O autor seleccionou oito enunciados, do primeiro e segundo trimestre dos anos 2014 a 2017 e submeteu as mesmas provas aos alunos de quatro turmas, tendo analisado as respostas e agrupado segundo a taxonomia de Bloom, com o objectivo de avaliar os níveis de conhecimento mais frequentes nas provas seleccionadas. Conclui no estudo que a distribuição de níveis cognitivos não é equilibrada, a análise é o nível com maior incidência, seguida da compreensão, sendo a aplicação o nível com menos incidência.

O sexto artigo "Currículo, género e sexualidade: reflexões indispensáveis à educação angolana", de Ceres António Lenga, tem como objectivo analisar crítica e reflexivamente sobre a questão do currículo, género e sexualidade no contexto escolar angolano. A metodologia é baseada na pesquisa bibliográfica e documental. O autor procura apontar quais são as diferenças nos terrenos em estudo, destacando o papel da escola no processo de construção da identidade do aluno, no que diz respeito à opção sexual.

O sétimo artigo, de Odete Raposo, intitulado "Qualidade da formação de professores do Ensino Primário em Moçambique: uma reflexão sobre as políticas curriculares aplicadas nos Institutos de Formação de Professores", tem como objectivo reflectir sobre a efectividade das políticas curriculares desenvolvidas no processo de ensino-aprendizagem, na vertente do seu impacto na qualidade da formação de professores do Ensino Primário, em Moçambique. A metodologia usada foi a pesquisa bibliográfica e documental. O artigo revela que, mesmo com o apoio do Banco Mundial nas políticas da educação, muito há ainda por fazer, apostando na formação de professores, com um nível cada vez mais elevado de ingresso, melhores condições salariais, criação de um modelo curricular único que responda às necessidades económicas, educacionais e políticas do país.

O oitavo artigo, "Avaliação do desempenho do formador do Instituto de Formação de Professores de Quelimane: estudo sobre a actuação didáctica e a postura profissional", de Horácio Luís Respeito, tem como objectivo avaliar o desempenho do formador do Instituto de Formação de Professores de Quelimane. A metodologia de pesquisa usada é qualitativa, tendo sido aplicado um questionário e uma entrevista aberta. O autor constata que, na actuação didáctica, quanto aos formadores há insatisfação na mediação dos conteúdos, apesar da sua boa postura profissional, sendo necessário o acompanhamento progressivo dos formadores para a melhoria da sua actividade.

O nono artigo, "Trajectória e desafios da formação docente na Universidade Pedagógica - Moçambique", de Stela Mithá Duarte e Juliano Neto de Bastos, tem como objectivo analisar a trajectória e os desafios da formação docente na Universidade Pedagógica de Moçambique. O estudo baseia-se em pesquisa bibliográfica e documental, assim como na experiência informada dos autores. Os autores concluem que há necessidade de redimensionar a formação do docente universitário, de modo a potenciar a autonomia do sujeito e a sua atitude crítica e reflexiva em relação ao seu desenvolvimento profissional.

O décimo artigo, "A construção do pilar “extensão universitária” no contexto africano: a experiência da Universidade Pedagógica - Moçambique", de José P. Castiano, tem como objectivo reflectir sobre a experiência da Universidade Pedagógica de Moçambique na construção de um “subsistema de extensão”. A elaboração baseia-se na experiência do autor em dez anos na condução e gestão do sector de pesquisa e extensão universitárias. Conclui que as universidades africanas, por via da extensão, podem e devem ligar-se ao desenvolvimento em comunidades concretas, sem descurar a sua função de intervir na “sociedade” de forma mais abrangente.

O décimo primeiro artigo, "Extensão universitária e flexibilização curricular nas Instituições de Ensino Superior Públicas de Angola", de Chocolate Adão Brás, faz uma reflexão a volta da extensão universitária em Angola e da flexibilização curricular, enquanto uma das possibilidades de sua construção e institucionalização nas Instituições de Ensino Superior Públicas Angolanas, bem como da necessidade de envolver todos os actores da comunidade académica nos projectos e acções de extensão, o que implica pensar a sua creditação. Trata-se de um estudo qualitativo e descritivo, com recurso a pesquisa documental e bibliográfica.Conclui sobre a necessidade de apostar-se na flexibilização curricular e na gradual creditação das acções de extensão, considerando a pertinência que a extensão pode ter na formação do estudante, na qualificação do professor e no intercâmbio com a sociedade.

O décimo segundo artigo, de Elsa Chassola Gil Júlio Hivilikwa, intitulado "O currículo escolar como factor de inclusão diante do multiculturalismo", centra-se no currículo escolar como um factor preponderante de inclusão, mediante a diversidade cultural que caracteriza Angola. O estudo baseia-se em pesquisa bibliográfica e documental. A autora sugere que as instituições escolares tenham em atenção as particularidades, especificamente os docentes, devendo incentivar e motivar os seus educandos a unidade na diversidade. As instituições educacionais têm também a grande responsabilidade de contribuir para a diminuição da desigualdade social, dando um ensino com rigor e qualidade sem olhar a quem, porque só com formação de qualidade se pode alcançar a autonomia e com isso o individuo ter as suas necessidades básicas supridas.

O décimo terceiro artigo, "Currículo e qualidade de ensino no contexto angolano", da autoria de Piedade Silissóle Agostinho, visa estabelecer a relação entre o currículo e a qualidade de ensino no contexto angolano. Como metodologia faz recurso à pesquisa bibliográfica e documental. A autora considera que para que o ensino seja de qualidade, o docente precisa ter formação pedagógica para que o seu desempenho e actuação produzam resultados favoráveis, e que respondam aos interesses e anseios da sociedade. A autora discute também sobre a importância do currículo contextualizado e do currículo como veículo do arbítrio cultural dentro do sistema de ensino, tendo em conta o mosaico cultural característico dos povos africanos, em geral, e de Angola, em particular.

O décimo quarto e último artigo "As políticas públicas de educação: percepções e práticas nas Instituições de Ensino Superior em Moçambique", de Félix Alexandre Nhambe & Ornila D. Verol Sande Liasse, faz um estudo sobre o conhecimento e o uso dos documentos normativos por parte dos docentes das Instituições de Ensino Superior. O objectivo do estudo é analisar as percepções e práticas sobre o conhecimento dos documentos normativos que regem as actividades de ensino, pesquisa e extensão universitária nas instituições de Ensino Superior. Foi usada a metodologia quali-quanti que permitiu cruzar os dados qualitativos e quantitativos. Para a recolha de dados foi usado um questionário com perguntas fechadas e abertas, com uma amostra de 30 docentes de instituições públicas e privadas. A partir da pesquisa conclui-se que se verifica entre os docentes, défice sobre o conhecimento e a aplicação das políticas públicas de Educação, dominando apenas as políticas cujo teor se relaciona à sua área de actuação. Sugerem que haja consciência nos docentes para o domínio das políticas públicas de educação para o melhor desempenho das suas actividades e o alcance dos objectivos organizacionais assim como, das aspirações do Estado.

Votos de uma boa leitura a todos(as).

Visualizar
© Universidade Pedagógica de Maputo 2024.

Search