O Centro de Línguas da Universidade Pedagógica de Maputo (UP-Maputo) mostrou-se pequeno para acolher as cerimónias centrais do 25º aniversário do Dia Internacional da Língua Materna, que se celebra a 21 de Fevereiro. O evento que teve como figura de cartaz o antigo presidente de Moçambique, Armando Guebuza, esteve associado à 11ª Oficina da Linguística, literatura e educação, que é organizada pelas universidades, Eduardo Mondlane, Pedagógica de Maputo e Rovuma, e decorre nos dias 21 e 22 de Fevereiro do ano corrente.
A oficina da linguística é uma plataforma para promoção da união na diversidade entre os povos, mostrando a importância das línguas moçambicanas para o desenvolvimento do país, e também expor a importância das línguas moçambicanas num olhar além dos linguistas. Neste contexto, coube ao antigo estadista abrir a oficina palestrando sobre, Multilinguismo, unidade nacional e democracia em Moçambique: Desafios e oportunidades, numa plateia de nata linguística, académica, estudantil e outros interessados em artes e cultura.
Guebuza, carregando sempre a sua bandeira de valorização da auto-estima, discorreu a sua comunicação desde os primórdios da luta armada de libertação nacional, em que a educação sempre foi prioridade do movimento libertário, a FRELIMO, e a língua materna como um instrumento importante para o desenvolvimento da sociedade escravizada.
Segundo o antigo governante, parafraseando Eduardo Mondlane, primeiro presidente da FRELIMO, quando o milho desponta nos nossos campos é porque preparamos anteriormente os solos e regamos a semente com o suor do nosso trabalho. Assim, o futuro é construído com o trabalho árduo das nossas mãos e mentes. ʺMondlane esteve preocupado com a recuperação da nossa estima e da rica diversidade cultural e factor de união entre nós, ele colocou a língua para o centro da nossa lutaʺ, disse.
Para o ex-presidente, foi na privação e no sangue derramado que se aprendeu a valorização das conquistas centradas no objectivo primário da luta, a independência nacional e, a auto-estima que sempre foi o alvo do colonialismo.
Fazendo as honras da casa, o reitor da UP-Maputo, Professor Jorge Ferrão, indicou que é a partir do domínio da língua materna que as crianças vão aprender a dominar o mundo e a desenvolver uma aceitação mútua. ˝A diversidade linguística nos submete à tolerância e, a tolerância começa na forma como entendemos a língua dos outros e como aceitamos como meio e uma forma de respeito para com o próximoʺ, destacou Ferrão chamando atenção sobre a necessidade de uma contínua promoção da diversidade linguística e cultural.
A representação da UNESCO no país enalteceu a convivência cultural que Moçambique apresenta, no entanto, apontou na necessidade de se proteger e conservar a identidade deste povo. ˝As línguas não são apenas ferramentas de comunicação, mas são pilares de identidade, do pensamento e da memória colectiva, essência do que somos e dos saberes transmitidos ao longo das geraçõesʺ, avançou Michael Croft.
Segundo a UNESCO, o mundo está em alerta, pois, cerca de 40% das línguas na terra estão em risco de desaparecer. ˝É fundamental que nenhuma língua seja deixada de fora, uma língua que desaparece, é uma cultura que se apaga, é uma comunidade que deixa de existir. Precisamos de fortalecer o ensino bilingue, que os mais jovens sintam orgulho da sua língua˝, defende o organismo das Nações Unidas para Educação Ciência e Cultura.
Nesta data em que as universidades celebram os valores da língua materna, a UP-Maputo também faz jus dos seus quarenta anos como a primeira universidade a ser criada no período pós-independência apresentando cerca de 16000 estudantes, dos quais 60% são do sexo feminino.(X)
Por: GCI - UP-Maputo