Um grupo de dezoito moçambicanos partiu na segunda-feira (18 de Novembro) com destino ao Brasil, no seguimento do intercâmbio Sul-Sul que integra o Programa Caminhos Amefricanos. Trata-se de dez estudantes da Universidade Pedagógica de Maputo (UPMAPUTO), quatro estudantes da Universidade Púnguè (UniPúnguè), e quatro docentes, que durante 15 dias vão estar na Universidade Federal do Maranhão, na cidade de São Luís, Estado do Maranhão, numa jornada interactiva que visa promover o fortalecimento de uma educação anti-racista a partir da troca de experiências, de conhecimentos e de políticas em países do sul global.
O Programa Caminhos Amefricanos é uma oportunidade para estudantes de licenciatura e docentes produzirem e socializarem conhecimentos em interlocução com países africanos, latino-americanos e caribenhos. No caso, olhando a partir do Brasil, o diálogo com países africanos e afrodiaspóricos contribui para ampliar as perspectivas de ser e estar no mundo, e colabora para formar profissionais com uma visão sobre a História e Cultura africana e da diáspora africana. É nesta linha de pensamento que no Brasil foi aprovada a Lei Nr.10.639/2003, que tornou obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, sendo que, a Universidade Federal do Maranhão foi a primeira a introduzir este ensino. É esta Universidade que vai acolher a terceira fase do Programa Caminhos Amefricanos, o terceiro Seminário Internacional, várias actividades científicas, pedagógicas, culturais e recreativas, onde podemos descatar a comemoração do dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, visita à Rota Quilombola, Vivências Amefricanas na Cidade de São Luís, Música Negra no Maranhão, Jovens Negros de Hip Hop e Reggae entre outras actividades que vão preencher os 15 dias de estadia no Estado do Maranhão.
Outra linha de pensamento por trás destes intercâmbios do Programa Caminhos Amefricanos aponta para a necessidade de se apostar, sobretudo no Brasil, numa educação anti-racista, porque, por via desta, se transforma as pessoas, e transformando as pessoas se transforma o mundo. Por outro lado, é também consensual que, fortalecer a cooperação com os paises africanos, latino-americanos e caribenhos, ajuda a combater o racismo no Brasil por meio da educação.
A Comitiva dos intercambistas da UPMaputo, foi na manhã da sexta-feira passada (15), recebida pelo Reitor Jorge Ferrão, numa cortesia que serviu não só para a despedida, mas, sobretudo, para uma conversa simpática e pedagógica. Ferrão disse aos intercambistas que estão a ir para uma missão em que o objectivo é partilhar experiências, mas, também, é para aprender a todo o minuto e aproveitar todo o segundo para captar e fortalecer o conhecimento sobre o Brasil e sobre os traços históricos e culturais que nos aproximam. Recordou que no mês de Setembro deste ano, 2024, esteve em Maputo, na nossa Universidade, um grupo de 60 estudantes e docentes brasileiros, que vieram a busca da sua ancestralidade. Foi um encontro de culturas e interculturalidade manifestada no compromisso de criar espaços com uma experiência pedagógica intercultural de aprimoramento colectivo, compartilhando saberes e experiências na produção de conhecimentos anti-racistas e afrocêntricos.
Em jeito de remate o Reitor Jorge Ferrão, brincou dizendo, não deixem de se divertir, mas, portem-se bem, no vosso regresso só quero ouvir que cumpriram muito bem a vossa missão. Os intercambistas, na voz de Bernardino Cordeiro, Director da Faculdade de Ciências Sociais e Filosofia, disseram, ouvimos Magnífico Reitor, daremos o nosso melhor para representar de forma marcante a Universidade Pedagógica de Maputo e elevar bem alto o nome de Moçambique.